Páginas

sábado, 19 de outubro de 2013

Perdoe-me se não consigo seguir seus padrões de "normalidade"...


   ... Mas a verdade é que eu gosto de acordar de manhã já cantando a plenos pulmões músicas da minha velha infância. Eu gosto de tomar banho de água fria, de tomar leite com nescau e do cheiro de café que parece ter penetrado nas paredes da cozinha. Eu gosto do cheiro do meu perfume, o mesmo que minha mãe costumava passar em mim quando eu não era nada mais que um bebê. Gosto de falar muito alto, de chamar muita atenção. Gosto de sussurrar, de desaparecer, de observar tudo de uma distância segura e fingir que não estou ali. Depende do meu humor no dia.
       Gosto de imaginar como seria a vida se eu nunca tivesse nascido, gosto de imaginar como seria a vida se eu morresse agora. Gosto de tirar o juízo dos meus amigos, de perguntar tudo o que vem à cabeça aos meus professores. Gosto da comida da cantina. Gosto de reclamar. Gosto de escrever poemas. Gosto de pintar - mesmo que seja horrível nisso. Gosto de correr feito uma louca. Gosto de dançar. Gosto de abraços, ah! Como gosto de abraços.
       Gosto de ser a mesma pessoa desde sempre, o mesmo bebê risonho de quatro anos, a mesma criança tagarela de sete, a mesma sabe-tudo de dez, a mesma inocentemente rebelde de quinze. Sou fiel ao meu passado, e sempre olho pra trás na esperança que o meu próximo passo seja motivo de orgulho da minha "eu" de oito anos. Aquela que se agarrou ao carrossel do Horácio e chorou porque nunca queria crescer. Eu ainda sou aquela garota, aquela garota ainda sou eu. E você? Seu eu de oito anos se orgulharia de você? Que tal se preocupar mais com ele do que comigo? Muito obrigada e passar bem.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Respire e fale.